quinta-feira, 12 de março de 2009

No peluqueiro

Enfim um momento feminino nesse blog. Viver num lugar diferente não é só conhecer a gastronomia local (pra mim isso é fundamental), sentir saudades da sua, rir da televisão, tirar muitas fotos de um monte de lugar diferente: é também sobreviver um cotidiano destinto do seu. Ou seja, fui a um salão espanhol.

Solucionado o problema da saudade da carne brasileira, estava começando a ficar tensa por outro motivo, que tenho certeza que as mulheres que olham este blog já haviam percebido: minha raiz preta estava enorme. Sim, passei pelo desafio de ser uma loira de farmácia em outro país.

Tentar fazer um cabelereiro em Brasília entender o que você quer é difícil. Aqui em Madri, com meu espanhol ainda macarrônico, foi impossível. Saí do salão com meu cabelo, que era para ser loiro, branco.

Não tinha escapatória, e pensei: já que é assim, vou ao melhor "peluqueiro". Fui a um dos salões da rede do famoso Marco Aldany, uma espécie de Hélio, quem é de Brasília me entende. A diferença é que, aqui, é muito barato cuidar do cabelo .Você consegue fazer luzes por 20 euros, ou seja, 60 reais. Em Brasília, a transformação num bom cabelereiro não sai por menos de 200 reais. Ou seja, as espanholas só tem este cabelo feio porque querem, pensava.

Como estou em Madri a passeio, decidi arrumar meu visual às 2 da tarde de uma terça. Aqui não precisamos marcar hora. Ao chegar ao local, a três quadras de casa, o simpático Oscar me encaminhou para sua colega Conchi, a personificação da úlima moda do cabelo na capital espanhola: muita musse no corpo do cabelo e franja extremamente lisa. Para chegar a essa franja passada, elas usam a chapinha que é a sensação na cidade, a chapinha para franjas. Vejam foto abaixo:


O fato curioso é que havia uma senhora no salão, que só no final entendi que era um senhor. Todo cliente homem (ou garotão) ia direto para suas mãos. Os outros colegas diziam "mais um no dia de hoje!", ou seja, a tiazona preferia não fazer mechas, ganhar menos dinheiro, só para tratar dos guris.

Conchi, sem demora (só fez as perguntas básicas, o que estava fazendo aqui, o que estava achando da cidade), começou a puxar minhas mechas e então Oscar chegou para ajudá-la e entramos no universal assunto de mulheres no salão: fofoca. De repente, me vi no meio de um papo básico, falar mal das colegas do salão que, obviamente, não estavam presentes.

O que mais me surpreendeu é que a fofoca existe mesmo sem as manicures, pois os salões espanhóis tratam apenas do "pelo" das clientes. Há alguns estabelecimentos que fazem só este tipo de trabalho, manicures e pedicures, que sai mais caro que as mechas.

Passada a primeira fase, fui lavar o cabelo, a hora de ver o resultado. Estava achando muito engraçado, todas as mulheres que lavavam seus cabelos saiam sem nenhuma toalha na cabeça. Na minha vez, depois da lavagem, entendi o motivo da ausência das toalhas: elas eram todas descartáveis, feito de um material igual ao dos lenços umedecidos.

Passada esa curiosidade, fui me olhar no espelho. Na hora, parecia tudo bem, talvez um pouco mais claro. Ao chegar em casa, ao me observar melhor, percebi o desatre. Me senti uma verdadeira anciã. Chorei pela segunda vez em Madri.

A profunda tristeza baixou em mim. Liguei na hora para o Henrique, que estava visitando uma fábrica de whisky espanhol (!!), em Segóvia. Foi então que quase voltei a ser morena, pensei em passar em uma farmácia, comprar uma tinta qualquer e jogar um Koleston no meu cabelo.

Respirei, me acalmei e pensei: já que estou em Madri, viverei como as madrilhenas. Decidi asumir meu novo visual ibérico. Sou, agora, uma loira de farmácia (muito) platinada espanhola. Depois de dois dias, acostumada, começo a pensar em tirar proveito desta situação. Será que coseguirei agora comprar o passe mensal de transporte com o desconto para idosos?

4 comentários:

  1. Bicca, queremos a fooooottttoooooo!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Concordo, sem foto não vale... Beijos para vc!

    ResponderExcluir
  3. adorei o blog. Continuem postando. To me divertindo horrores com as peripécias de vcs. Agora quero ver a Bicca de cabelo branco. Bjs, Carla Simões

    ResponderExcluir