sexta-feira, 20 de março de 2009

Valencià

Além das “Fallas”, da Cidade das Artes e das Ciências -- a região dos prédios modernos e bacanas --, do Mediterrâneo e da paella valenciana, Valência , terceira maior cidade da Espanha (760 mil habitantes), se destaca por ter, ou tentar ter, uma língua própria. O valenciano ou Valencià, em valenciano.

A história desta língua é bizarra. Ao contrário do Catalão, do Euskadi (País Basco) e Galego, essa língua não existe de fato. Trata-se de dialetos locais. Para garantir maior poder ao governo da região autônoma -- administrada pelo PP, partido de direita, que está cercado de denúncias de corrupção, como praticamente todos os governos daqui --, inicio-se um processo de unificação dos diversos dialetos falados pelos diversos povoados.

O mais engraçado é que o valenciano, para muitos, nada mais é que uma variação do catalão, ou seja, uma forma um pouco diferente do que se fala em Barcelona, mesclada com o espanhol. Outra curiosidade é que, ao contrário do País Basco, da Galícia e de Barcelona, não vimos ninguém falando em valenciano nas ruas. (ou se vimos não notamos, de tão próximo do espanhol que é essa língua).

O valencià só parece esta vivo nas placas oficiais, nas inscrições das Fallas e no metrô da cidade. A semelhança é tão forte que a mesma placa do metrô local contem dizeres em espanhol e valenciano utilizando palavras de estrutura igual. Como vocês podem ver na foto abaixo, o que muda é apenas a terminação.



Essa histeria linguística da Espanha é engraçada. O País Basco, por exemplo, tentou proibir o ensino de espanhol em suas escolas, mas foi barrado por uma decisão da União Européia, que determina que cabe aos pais decidir em que idioma educará seus filhos.

Em Barcelona, o governo iniciou uma campanha publicitária para que todos os locais respondam os turistas que vistam a cidade em catalão, não em espanhol. Aliás, muitos imigrantes e espanhóis que não falam catalão desde o nascimento e estão investindo tempo e dinheiro para aprender a língua e se adequar a elite local, ao invés de aprender inglês, pouco falado por aqui. (vale dizer que uma das bandas mais famosas do mundo é chamada aqui de u-dos, rs).

Já o galego nos agrada. Uma espécie de português castiço, a língua é quase nossa, substita o “J” pelo “X” que você já consegue conhecer boa parte do vocabulário galego. Lá não somos jornalistas, mas sim “xornalistas”.

Deixando de lado a língua, para conhecimento de todos: as piadas que fazemos no Brasil com portugueses são feitas pelos países de colonização espanhola com os galegos. Ou seja, além de línguas irmãs, eles partilham, digamos, do modo literal de entender as coisas....

Além dessa nova frente valencià, os Austurianos estão "unificando" sua língua, ou seja, contrataram alguém para criar um idioma local, partindo dos dialetos falados na montanha. Ainda não conhecemos a região, mas pelo que nos dizem há menos diferenças entre o austuriano (ou bable) e o espanhol que o gaúcho e o baiano, ou o paulista e o mineiro, ou o cearense e o carioca.

** Texto do Henrique

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