terça-feira, 19 de maio de 2009

Marrakesh

Comprar qualquer coisa em Marrakesh, no Marrocos, pode ser uma experiência estressante. Ter que perder 5, 10 minutos para pegar um taxi, comprar uma coisa simples é muito chato. Isso é o pior da cidade, que também tem como pontos negativos o trânsito bizarramente caótico e a oferta excessiva de "guias" para tentar ganhar uma graninha ajudando a se virar nas incompreensíveis ruas da Medina, a parte mais antiga da cidade.

Parte dos souks (os mercados livres), da Medina, a noite

Mas, apesar disso, algumas vezes há fatos até engraçados nestas negociações. Fazer com que um produto, que inicialmente custava 450 dirhans (o dinheiro local - 1 euro compra 11 dirhans e 1 real quase 4) por 60 dirhans dá uma sensação de grande negócio, embora, na verdade, sabemos que os vendedores nunca perdem dinheiro - se o valor que propomos é muito baixo eles simplesmente não vendem.

Mais imagens dos souks - reparem as mobilietes, bicicletas, pessoas...

E os argumentos dos vendedores para aceitar o nosso "preço baixo" sempre são esdrúxulos. "Vou perder dinheiro, mas alá vai me repor" é um dos mais usados. "Vou fazer esse preço só para você que é brasileiro, é pobre como a gente, não é rico como os europeus". Mas o mais irritante é: "Nossa, como você negociou bem... não tem nenhum marroquino (ou berebere, o povo mais antigo da região) na sua família?", quando sabemos certamente que estamos sendo lesados.

Ruas da Medina

Outra coisa interessante é a como a necessidade de vender faz com que os marroquinos se virarem em várias línguas. Além do árabe e do francês, eles mandam bem no berebere, no inglês, italiano, espanhol e arriscam, muitas vezes algumas palavras em português. Tudo ensaido, muitos pensam, mas não é bem assim. Muitas vezes eles entravam na conversa quando eu estava falando com a Bicca em português.

A forma de atrair os cliente, que é exagerada, também chega a ser engraçada algumas vezes. Quando andamos, eles começam a tentar descobrir nossa nacionalidade para puxar assunto. Eles podem perder o cliente, mas nao perdem o humor. Enquanto andávamos, ouvíamos uma vez: "Espanhol? Argentino? Italiano? Brasileiro? Francês? Inglês?? Japonês?????", concluiu o indgnado vendedor com nossas recusas.

Mercado de temperos
Outro, tentava nos atrair para sua barraca de comida. Quando eu disse não, começou a gritar: "Maybe later? Tomorrow? In a next life???". Mas o campeão foi um vendedor de camisetas que, ao me ver com a camisa do Timão, começou a gritar: "Corinthians, Ronaldo, Popozuda! Popozuda!!!". Esse tive que voltar e comprar uma camiseta. Perguntei se ele sabia o que era popozuda disse que sim e que gostava muito delas e que tinha uma "amiga" popozuda de Porto Alegre.

Um comentário:

  1. Esse negócio de falar "maybe later..." achando que vai dispensar o mala é um dos maiores erros que eu cometi na África. A resposta era sempre "when?".
    Ah, e eu achei o trânsito de Marrakesh um dos grandes charmes da cidade. Me lembrou a Marginal em dia de chuva.

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