Espaço e Michael Jackson no Camp Nou

O que une Michael Jackson, astronautas, uma perseguida política de Mianmar, o Unicef, o reverendo Nobel da paz Desmond Tutu e músicas dos anos 80 e 90?? O U2. Estivemos, na terça, na abertura mundial da nova turnê da banda irlandesa em Barcelona: 360° Tour. Essas seriam as palavras chaves do show. Abaixo as nossas opiniões dessas 2h15 do espetáculo.

Antes de mais nada, vale a pena falar do palco, "A Garra". Incrível. A aranha de quatro patas interage com as músicas, compõe o cenário e permite que o show seja visto de qualquer lugar do estádio do Barcelona, que no dia 30 contava com nada menos que 90 mil almas. Uma das graças da Garra é um telão de 360 graus "esticável": em determinadas músicas ele se abria, como uma rede sobre os músicos.

Michael Jackson - Bono cantou Angel of Harlem em tributo a Michael Jackson. No fim, deu duas palhinhas, cantando trechos de músicas do morto, Man In The Mirror e Don`t Stop `Til You Get Enough. Foi massa, mas a banda poderia ter tocado essas músicas também... Dá pra ouvir do Youtube aqui.

Espaço - Como se fosse a coisa mais simples do mundo, Bono e os outros músicos conversaram com os astronautas que estão na Estação Espacial Internacional. Eles falaram de ecologia, de como Barcelona estava bonita do espaço (nessa hora, todas as luzes da "Garra" vão para o alto, dando um charme a mais à ligação, embora achamos que, naquela hora, eles deveriam estar sobrevoando a China ou algum oceano, rs), e responderam a perguntas idiotas, como se a terra era realmente azul... Toda a conversa era transcrita no telão, em catalão.
Anos 80 e 90 - Das 22 músicas tocadas no show e no bis, sete foram do novo CD, ou seja, não empolgaram tanto. O fato é que essas novas músicas não são muito boas, mas a banda não quer que essa seja a turnê anterior, Vertigo, de três anos atrás, com mais tecnologia. As quatro primeiras músicas foram de No Line on the Horizon. Todo mundo em pé no estádio, contudo, só nas músicas batidas...
Mianmar, o Unicef, Desmond Tutu - como não podia deixar de ser, muito ativismo político e ecológico. Bono vestiu uma camiseta do Barcelona, dizendo que se orguhava da única equipe do mundo que colocava o Unicef no peito. A "vítima" escolhida para essa turnê foi a dissidente e pacifista de Myanmar (ex-Birmânia) Aung San Suu Kyi, que foi eleita presidente democraticamente em 1990, mas que foi impedida de tomar posse pelos militares. No site da banda, máscaras dela para os fãs irem aos shows. Eles dedicaram Walk on para a moça. No telão, participação de Desmond Tutu, falando de aids. Na real, todo esse discursinho mais que batido, que emociona alguns mas que, na prática na prática mesmo, não muda muita coisa... ou uma banda tão preocupada com o social teria um espaço megavip nos seus shows, caríssimo?? Me parece um pouco hipocrisia....

Bono está cada vez mais parecido com o Silvio Santos. Seu cabelo cor acaju salta aos olhos. No bis, usou uma roupa com luzinhas vermelhas. Acho que comprou nesses chinos que vendem nos bares. Ele também se deu ao capricho de alguns mimos no palco totalmente dispensáveis, como um microfone redondo, destes antigos, que ficou suspenso e no qual ele podia se agarrar e se pendurar. Usou o brinquedo só em uma música... ou o fundo falso do palco, utilizado no brevíssimo intervalo entre a pimeira parte do show e o bis.
Avaliação final: apesar das músicas do novo álbum não empolgarem são boas e o show é simplesmente sensacional por todo clima criado. O U2, mais uma vez, mostrou que sabe não apenas fazer bons discos, mas também execlentes espetáculos. A banda provou que é de fato a maior banda rock do mundo com um dos shows mais modernos já feitos. Quando for ao Brasil, vamos de novo!